A Câmara Municipal de Florianópolis aprovou, nesta segunda-feira (16), a criação da Frente Parlamentar em Defesa da Cannabis Industrial. Proposta pelo vereador Leonel Camasão (PSOL), a intenção é debater sobre o uso da planta e seus derivados, como o cânhamo, que é matéria prima de um novo setor da economia ecológica. A Frente promoverá a discussão de políticas públicas de regulamentação, pesquisa e acesso seguro à maconha.

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Embora o uso medicinal seja dominante no país, a ideia é incentivar o desenvolvimento de pesquisas, debates e startups que utilizem a fibra extraída da planta em produtos industrializados, como, por exemplo, cosméticos e plásticos vegetais, que são biodegradáveis e não causam poluição.

Os impactos ambientais positivos da indústria da cannabis podem ser gigantescos. De acordo com o centro Hudson Carbon, o cânhamo pode capturar 16 toneladas de dióxido de carbono anualmente. Na área têxtil, o cânhamo consome menos litros de água (2,9 mil para 1 kg) em relação a outras matérias primas, como o algodão (10 mil para 1 kg).

Santa Catarina já é destaque no estudo do cânhamo industrial. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mantém o Polo de Desenvolvimento e Inovação em Cannabis, investigando o uso na indústria têxtil em Blumenau, no Vale do Itajaí, na medicina veterinária e na produção de biocombustíveis.

“Queremos que mais pessoas tenham acesso às inovações médicas”, afirma o vereador. “Mas existe um potencial gigante de aquecer a economia e gerar empregos em vários setores. Sem falar que podemos gerar substitutos ecológicos para plásticos, papel e tecidos. E ainda existe o mercado do uso recreativo, que precisa ser desestigmatizado”, argumenta.

Segundo o vereador, a maconha faz parte da história de Florianópolis. Há registros do século XIX de plantações de cânhamo no norte da Ilha de Santa Catarina. Em 1889, o então governador Felipe Schmidt autorizou o investimento em cânhamo, classificando-o como “planta útil”. O próprio bairro Canasvieiras, popular praia da capital catarinense, pode ter o nome devido à maconha. Henrique Fontes, acadêmico e político catarinense, afirmou em 1932, segundo o jornal República, que a palavra significa “lugar onde há plantações canabineas, cujos abundantes filamentos servem para tecidos. E ali, no tempo colonial, foi abundante o cânhamo”.