A Prefeitura de Florianópolis encerrou o programa “finde na faixa”, que garantia Tarifa Zero no transporte coletivo nos finais de semana. De acordo com dados do Município, a medida ampliou o uso do transporte coletivo em mais de 50%, beneficiando cerca de 800 mil pessoas.

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A notícia surpreendeu parte da população, já que uma parte das reportagens e materiais publicitários sobre a medida não informam o programa teria duração apenas nos meses de dezembro e janeiro.

Durante estes dois meses, a população teve acesso ao transporte de forma plena, podendo se deslocar para as praias, festas ou para visitar familiares. Mesmo que limitado aos finais de semana, o programa representava um avanço tímido no direito à cidade.

Mas o “morde e assopra” seguiu como política da Prefeitura: primeiro, o finde na faixa. Depois, o tarifaço de Topázio, que elevou o preço em dinheiro para R$ 6 (cerca de 15% dos usuários), assim como subiu o ônibus executivo de R$ 11 para R$ 15. O finde na faixa acabou, mas o aumento nas tarifas é permanente.

Tudo isso no momento que a discussão sobre a Tarifa Zero volta a ganhar força no país. A equipe de transição de Lula chegou a debater o tema, como política federal para as grandes cidades. O Prefeito da maior cidade do país cogita implementar a medida. Aqui em SC, Garopaba e Governador Celso Ramos iniciaram a implementação da Tarifa Zero, com ganhos significativos para a mobilidade, a economia local, o meio ambiente e o acesso aos equipamentos públicos de saúde, educação, cultura, entre outros.

Demonizada pela direita e pelos colunistas da imprensa tradicional nas últimas duas décadas, a Tarifa Zero representa hoje a única saída para evitar o colapso dos sistemas de transporte coletivo. Num mundo com transportes por app e com os prejuízos da pandemia, instaurar um sistema onde as Prefeituras direcionem as verbas de vale transporte, estacionamentos públicos e repasses de IPVA para remunerar empresas de ônibus por quilômetro rodado, sem cobrar do usuário final, é a única saída; é a forma de evitar a falência, garantir os empregos dos trabalhadores e promover outro paradigma de mobilidade urbana para as grandes cidades.

Berço do movimento social que recolocou a Tarifa Zero na agenda pública, Florianópolis segue, infelizmente, na contramão.